Vamos falar sobre ansiedade?

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Como podemos desenvolver uma reflexão acerca da ansiedade em nosso tempo, sem deixar de compreender que cada vez mais os ciclos temporais são encurtados, a novidade deixa de ser novidade a todo instante. 

Nos relacionando  a partir de uma  pressão em fazer acontecer mais, quase sempre sob a forma de fazer consumir mais, mudando a relação com o tempo.

“De certo modo, o comportamento ansioso, que era sintoma de angústia diante do futuro, está, numa espécie de círculo perfeito, a tornar-se, ele mesmo, etiologia de angústia.” (CASTRO, Fábio C. L.; NORBERTO, Marcelo S. (Orgs.), Sartre Hoje (2 vols))

Não há como fugir da angústia, “é na angústia que o homem toma consciência de sua liberdade, ou, se se prefere, a angústia é o modo de ser da liberdade como consciência de ser (…)” (Sartre, O Existencialismo é um Humanismo, p. 72).

“A profundidade de sua responsabilidade por toda a humanidade, com frequência, leva o homem a desenvolver estratégias que o auxiliem a suportar sua angústia. Ou seja: a consciência de sua angústia desvela a vulnerabilidade do ser humano, abrindo a possibilidade do uso de vias de acesso a uma  vida mais suportável e/ou agradável, um movimento realizado como tentativa de sobreviver e de ter uma existência menos atormentada.” CASTRO, Fábio C. L.; NORBERTO, Marcelo S. (Orgs.), Sartre Hoje (2 vols))

E chegamos em um ponto crucial, olhar para a ansiedade perpassa pela descrição da angústia vivida, buscando compreendê-la e reconhecendo a existência que está sendo construída a partir de suas próprias escolhas.

Podemos olhar a ansiedade como uma expressão da angústia manifestando-se como um complexo de sintomas da angústia, envolvendo sintomas comportamentais.

Portanto, olhar para a ansiedade nos provoca a compreender um processo de descoberta de novas formas de existir no mundo.

Malu Alves Batista Mendes

Psicóloga – CRP 12/15483